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A mostrar mensagens de dezembro, 2023
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A declamação de parte do poema Tabacaria no link: 👇 https://www.facebook.com/beth.nitas/videos/676539644610594?idorvanity=719691629672628 "Ora porra!" Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, é uma personagem complexa e multifacetada. É um homem moderno, cheio de contradições e inquietudes, à procura de um sentido para a vida. Numa procura incessante pela sua identidade, queria ser tanta gente!  Procurava romper com as tradições literárias, “sentir tudo de todas as maneiras”.   […] Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços, E preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas… Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro, Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca… Que há-de ser de mim? Que há-de ser de mim? [...] (Pessoa: 1993a:172).     A sua essência é marcada pela insatisfação perante a existência, pelo desassossego constante e pela sensação de estar perdido no mundo.  ...
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  A minha voz no meu poema: 👇 https://www.facebook.com/beth.nitas/videos/1075475673578843/?idorvanity=719691629672628&notif_id=1703000228634634&notif_t=video_processed&ref=notif Os outros   Olhas para o lado Vês os outros Olhas para a frente Os outros, vês Olhas para trás Dos outros sentes A malvadez.   Começa a olhar Para dentro de ti mesmo, Sorri, Sente o teu rosto, Absorve o teu cheiro Alheia-te Dos outros, Menospreza os sorrisos Sombrios, Orgulha-te Dos teus, de ti. Livra-te da amargura, Sente a vida com ternura.                                                                   ...
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  A Mansão dos Sussurros   A noite instalava-se como um silêncio devorador, tão denso que parecia sufocar os murmúrios do vento. As sombras, ávidas por devorar a luz do dia, estendiam-se sinistramente pelas paredes da antiga casa, abandonada na colina. Era conhecida entre os moradores da região como a Mansão dos Sussurros, um lugar envolto em mistérios sombrios e histórias macabras transmitidas por gerações. Naquela noite, um lampejo de luz proveniente da lua cheia ousava desafiar a escuridão imponente, revelando contornos fantasmagóricos. A moradia parecia rejeitar a presença dos vivos, emitindo um arrepio funesto que adentrava a alma dos corajosos, o suficiente para quem tentasse se aproximar. Um ranger agudo escapou das tábuas podres do alpendre. Foi um som tão agoniante que, por um instante, pareceu um convite macabro para penetrar nos seus domínios. A Mansão dos Sussurros era a casa dos horrores e a escuridão que a envolvia, engolia qualquer vestígio de co...
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  E por que habitam em nós múltiplas vozes que muitas vezes desconhecemos ou ignoramos? Vivem em nós inúmeros Se penso ou sinto, ignoro Quem é que pensa ou sente. Sou somente o lugar Onde se sente ou pensa. Tenho mais almas que uma. Há mais eus do que eu mesmo. Existo todavia Indiferente a todos. Faço-os calar: eu falo. Os impulsos cruzados Do que sinto ou não sinto Disputam em quem sou. Ignoro-os. Nada ditam A quem me sei: eu escrevo. Fonte: Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.
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  O baú Os tios deram-lhe tempo. Também a julgaram, mas não como os pais. Desde pequena, isolava-se no sótão empoeirado da casa na noite de Natal e lá ficava. Não era como as outras crianças. Apesar de arguta, era tímida e sem espírito natalício. Detestava reboliços familiares, a sala iluminada e o cheiro intenso a fritos. Nessa noite, descobriu um baú misterioso. Quando o abriu, uma luz cintilante e mágica irrompeu de dentro. Viu-se entre seres encantados presos por décadas. Ficara incrédula com as suas histórias. Procuravam uma chave para abrir o portal da liberdade. O segredo abrigava-se num medalhão que fazia de ornamento natalício. Depois de o encontrar, contou tudo aos adultos, mas achavam que tinha enlouquecido. Perante o olhar incrédulo de todos, o portal abriu-se, os seres encantados partiram e levaram consigo a magia do Natal escondida no sótão há tantos anos. Desde esse dia, tudo mudara.   Dezembro 2023
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  Oportunidade de Ser Luz na Escuridão de Alguém   Beber das emoções e tristezas dos outros, dá trabalho. A indiferença, alheia a tudo e a todos, por ser mais fácil, segue a vida, sem se demorar no Outro. Plena de frieza e distanciamento emocional, a Indiferença ausenta-se de interesse e preocupação, erguendo um muro, sólido e inóspito que corta os laços de empatia e compaixão. −O que queres que faça? Não posso ajudar. É a vida. − Gostava de ajudar, mas não tenho tempo. Opta-se por não olhar, por não ter tempo de ajudar. É mais fácil assim. Aquele que precisa de nós, da nossa emoção, só espera um único gesto. Um gesto curto e simples. A indiferença fere e fere profundamente. Fere-me. É como uma ferida que sangra silenciosamente, alimentada pela recusa em estender a mão.   O turbilhão do dia-a-dia promove o distanciamento, mas, muitas vezes, é unicamente uma opção, uma escolha para servir a conveniência. Atitudes indiferentes ao sofrimento alhei...
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  Escritoras do passado e do presente A Luta Feminina na Escrita: Resistência, Emancipação e Legado Literário               Na história da escrita, a trajetória das mulheres é uma narrativa de perseverança em busca de visibilidade e reconhecimento, ainda que as suas vozes tenham sido silenciadas.   Autoras como Sophia de Mello Breyner Andresen, Florbela Espanca, Lídia Jorge e Teolinda Gersão tornaram-se pilares essenciais na literatura portuguesa, desafiando normas estabelecidas e deixando-nos um legado inestimável.   Desde a marginalização em movimentos literários até à subestimação das suas capacidades intelectuais, as mulheres enfrentaram preconceitos arraigados, pelo que lutaram arduamente até conquistarem o seu espaço como escritoras respeitadas. A sua caminhada não foi somente de adversidades. Paulatinamente, mobilizaram-se através de movimentos feministas, essenciais para reivindicar os seu...