Escritoras do passado e do presente

A Luta Feminina na Escrita: Resistência, Emancipação e Legado Literário

 

            Na história da escrita, a trajetória das mulheres é uma narrativa de perseverança em busca de visibilidade e reconhecimento, ainda que as suas vozes tenham sido silenciadas.

 

Autoras como Sophia de Mello Breyner Andresen, Florbela Espanca, Lídia Jorge e Teolinda Gersão tornaram-se pilares essenciais na literatura portuguesa, desafiando normas estabelecidas e deixando-nos um legado inestimável.

 

Desde a marginalização em movimentos literários até à subestimação das suas capacidades intelectuais, as mulheres enfrentaram preconceitos arraigados, pelo que lutaram arduamente até conquistarem o seu espaço como escritoras respeitadas.

A sua caminhada não foi somente de adversidades.

Paulatinamente, mobilizaram-se através de movimentos feministas, essenciais para reivindicar os seus direitos, desafiar normas e abrir caminho para uma expressão literária mais inclusiva.

 

No entanto, como forma de libertação, as mulheres, por muito tempo, tiveram de escrever anonimamente, se queriam ver as suas escritas divulgadas. Mais tarde, como um ato de desespero para romper com os paradigmas que as subjugavam, elas emanciparam-se através do Movimento de Libertação das Mulheres (MLM), constituindo um exemplo flagrante as "Novas Cartas Portuguesas" e o "Processo das Três-Marias". Esses movimentos emergiram das perspetivas críticas feministas e dos testemunhos de escritoras como Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Madalena Barbosa.

A escrita de autoria feminina e a sua luta pelo reconhecimento continuam. O caminho para o sucesso tem sido árduo e desafiante, mas muitas mulheres alcançaram-no. As vozes femininas estão, sem dúvida, muito mais poderosas hoje, mas infelizmente, ainda enfrentam desigualdades persistentes. Muitas delas usaram a escrita para denunciar essa desigualdade e continuam a fazê-lo, embora seja encorajador notar que há vozes masculinas que já escrevem em apoio das mulheres. Durante muito tempo, muitas escritoras precisavam de usar pseudónimos masculinos para que as suas obras fossem publicadas, nomeadamente Amantine Dupin (conhecida como George Sand), Mary Ann Evans (que usava o nome de George Eliot) e a Marquesa de Alorna (que escrevia sob o nome de Alcipe); e, a este nível, é bom lembrar que a Marquesa de Alorna desempenhou um papel importante na promoção de novas formas de interação social nos salões culturais da época.

A presença feminina na escrita é, então, uma história de resistência, resiliência e conquista. Pelo seu legado, as mulheres desafiaram as limitações impostas, moldaram o cânone literário e abriram portas para as gerações futuras que, com persistência e coragem, continuam e continuarão a inspirar e a valorizar as vozes femininas na literatura.

 

Elizabete (4 Dezembro 2023)

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