Um Comboio chamada Esperança
A família é o nosso porto seguro. Pelo menos, deveria
ser. O lugar de amor incondicional e aceitação com todos os defeitos e
virtudes. Contudo, a realidade está muito longe das aparências. Para alguns, a
família não é refúgio, mas fonte de rejeição e de dor. Para outros, o desejo é
afastar-se dos parentes, sonhando com a independência. Um sentimento sufocante
que conduz, na maioria das vezes, a comportamentos precipitados.
"Vieram um dia num comboio chamado esperança. Alguns.
Outros saíram de casa, porque os pais não os compreendiam […]. Mas todos eles
sonhavam com uma coisa chamada independência", assim foi dito por Maria
Judite de Carvalho em "Aldeias de Gente Só", nas suas Obras Completas V (2019).
A temática da independência e da
rejeição familiar chegou num «comboio chamado esperança», onde a autora
referencia os que procuram algo melhor, um novo futuro. A metáfora representa o
meio de transporte para uma nova vida, movido pela aspiração de mudança e de progresso.
Judite de Carvalho distingue, assim, dois tipos de pessoas: os que embarcam na
caminhada motivados pela expetativa e os que são obrigados a sair de casa
devido à falta de compreensão dos pais, a verdadeira força motriz de tão
corajosa emancipação.
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