A Mansão dos Sussurros
A noite instalava-se como um silêncio devorador,
tão denso que parecia sufocar os murmúrios do vento.
As sombras, ávidas por devorar a luz do
dia, estendiam-se sinistramente pelas paredes da antiga casa, abandonada na
colina.
Era conhecida entre os moradores da região como a Mansão dos Sussurros, um
lugar envolto em mistérios sombrios e histórias macabras transmitidas por
gerações.
Naquela noite, um lampejo de luz proveniente da lua cheia ousava desafiar a
escuridão imponente, revelando contornos fantasmagóricos.
A moradia parecia rejeitar a presença dos vivos, emitindo um arrepio
funesto que adentrava a alma dos corajosos, o suficiente para quem tentasse se
aproximar.
Um ranger agudo escapou das tábuas podres do alpendre. Foi um som tão
agoniante que, por um instante, pareceu um convite macabro para penetrar nos seus
domínios.
A Mansão dos Sussurros era a casa dos horrores e a escuridão que a
envolvia, engolia qualquer vestígio de coragem que ousasse visitá-la.
Poucos tinham coragem de se aproximar e tocar as suas paredes desgastadas pelo
tempo. As janelas, cobertas por uma camada de poeira, espelhavam a opressiva
atmosfera do lugar. Os rumores ecoavam pelas redondezas. Histórias de vultos
sinistros avistados por breves instantes nas janelas e de murmúrios
indecifráveis que escapavam pelas frestas das portas cerradas.
Naquela noite fatídica, quando a lua alcançou o seu ápice no céu, um
estranho eco pairava no ar. Os sussurros habituais pareciam intensificar-se,
transformando-se em murmúrios inquietantes que se propagavam pela vizinhança.
Era como se os espíritos do passado, há muito aprisionados naquele casarão,
tentassem transmitir uma mensagem misteriosa.
Um gato preto, furtivo e eriçado, arqueou o dorso ao passar diante da
entrada, emitindo um miado premente. O animal, com olhos amarelados, parecia
pressentir algo além da compreensão humana, algo sinistro e inominável que
pairava no ar daquela noite.
De repente, uma luz fraca e trémula surgiu numa das janelas do andar
superior. Um feixe de luz amarelado quebrava a escuridão, pulsando como um
farol. Por um breve momento, uma sombra esguia e indistinta projetou-se na
parede, antes que tudo regressasse ao manto escuro.
A atmosfera gélida e o ar impregnado de um odor a mofo ampliavam a sensação
de que a Mansão dos Sussurros guardava segredos indescritíveis. Pronta para
revelar o seu inquietante enigma a quem se aventurasse a explorar as suas
sombras misteriosas.
18 Dezembro 2023
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