Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2024
Imagem
  Um Comboio chamada Esperança A família é o nosso porto seguro. Pelo menos, deveria ser. O lugar de amor incondicional e aceitação com todos os defeitos e virtudes. Contudo, a realidade está muito longe das aparências. Para alguns, a família não é refúgio, mas fonte de rejeição e de dor. Para outros, o desejo é afastar-se dos parentes, sonhando com a independência. Um sentimento sufocante que conduz, na maioria das vezes, a comportamentos precipitados. "Vieram um dia num comboio chamado esperança. Alguns. Outros saíram de casa, porque os pais não os compreendiam […]. Mas todos eles sonhavam com uma coisa chamada independência", assim foi dito por Maria Judite de Carvalho em "Aldeias de Gente Só", nas suas Obras Completas V (2019). A temática da independência e da rejeição familiar chegou num «comboio chamado esperança», onde a autora referencia os que procuram algo melhor, um novo futuro. A metáfora representa o meio de transporte para uma nova vida, movido p...
Imagem
  Os sonhos de Carlota   Na floresta encantada Vive a princesa Carlota. Tão adorada! Com o seu pónei branco, Numa tarde molhada Encanta-se com a trovoada Que tendo evoluído, A deixa assustada, tal é o ruído.   À noite no quarto Aconchego encontra, Com o seu pónei ao lado A trovoada não importa. Carlota, a dorminhoca, sonha e voa Enquanto o mundo lá fora Assusta e atordoa.   Ao amanhecer, sente aroma a bolo no ar, E Carlota desperta pronta para o saborear, Com o seu fiel amigo Que por ela espera lá fora Para poderem viver e sonhar.
Imagem
  A inevitabilidade da Morte A sociedade contemporânea parece esquecer o valor da morte e a sua ligação intrínseca à vida. A forma como vivemos importa muito mais do que a maneira como morremos. Fernando Pessoa, poeta do início do século XX, aborda a morte como algo inevitável e como uma presença constante que define e dá sentido à vida, embora de forma complexa. Através do seu heterónimo, Ricardo Reis, influenciado pelo estoicismo, Pessoa encara a morte com serenidade e aceitação, esperando por um futuro que se augura natural e que deve ser enfrentado com calma e dignidade. "Não inquiro do anónimo futuro Que serei, pois que tenho, Qualquer que seja, que vivê-lo. Tiro Os olhos do vindouro. Odeio o que não vejo, Se pudera, Vê-lo, grato o não vira. Se mo mostrarem num quadro, ou o virarem Não tenho o que não tenho, O que o Destino manda, saiba-o ele. A ignorância me basta."   (Fernando Pessoa, 1923, in Poemas de Ricardo Reis)   Enquanto o p...