A inevitabilidade da Morte

A sociedade contemporânea parece esquecer o valor da morte e a sua ligação intrínseca à vida. A forma como vivemos importa muito mais do que a maneira como morremos.

Fernando Pessoa, poeta do início do século XX, aborda a morte como algo inevitável e como uma presença constante que define e dá sentido à vida, embora de forma complexa.

Através do seu heterónimo, Ricardo Reis, influenciado pelo estoicismo, Pessoa encara a morte com serenidade e aceitação, esperando por um futuro que se augura natural e que deve ser enfrentado com calma e dignidade.

"Não inquiro do anónimo futuro

Que serei, pois que tenho,

Qualquer que seja, que vivê-lo. Tiro

Os olhos do vindouro.

Odeio o que não vejo, Se pudera,

Vê-lo, grato o não vira.

Se mo mostrarem num quadro, ou o virarem

Não tenho o que não tenho,

O que o Destino manda, saiba-o ele.

A ignorância me basta."

 

(Fernando Pessoa, 1923, in Poemas de Ricardo Reis)

 

Enquanto o poeta e os seus heterónimos lidam com a morte de forma ambígua, com uma aceitação serena e ao mesmo tempo angustiada, a sociedade de hoje apresenta uma atitude mais fragmentada e orientada pela negação e pelo medo.


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