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Poemas e Desabafos

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Voa Alto  
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 A Dor é Vento
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  Conto publicado na revista Brincar a Escrever Verões com a minha avó   Os verões com a minha avó materna eram uma azáfama. O entusiamo ditava os dias que antecediam a partida. Os meus amigos não compreendiam como conseguia passar dois meses de verão, sozinha, com ela. Ali reinava a alegria e brincadeira. Tinha amigos alentejanos e, quando chegava a altura das festas, havia bailarico durante uma semana. O cheiro que sentia quando estava a poucos quilómetros da vila permanece guardado até hoje, na minha memória. Belas recordações das viagens. A minha avó enviuvou cedo e, raramente vinha a Lisboa. Íamos nós visitá-la e, nas férias, os meus pais permitiam que ficasse com ela até o ano letivo começar. Naquela altura, a chave ficava na porta, um convite às vizinhas para entrarem, mas eu, rebelde, mais do que agora, fechava a porta à chave. Fora apanhada umas poucas de vezes de cuecas, porque a vizinha entrava sem avisar. Ficava furiosa, mas no final até ria com a s...
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  Renascimento A vida é pautada pelo compasso do quotidiano. Poucos são aqueles que esperam que, de um momento para o outro, o ritmo possa ser brutalmente interrompido. O Acidente Vascular Cerebral (AVC), a maior causa de morte em Portugal, aparece como um ladrão na noite, à procura de roubar a liberdade e a autonomia, outrora dadas como adquiridas. − Que idade tens, Raul? −10, 20, 30, 40 e 50 é a minha idade. Se não for assim, já não consigo lá ir. Tive de arranjar este sistema. É assim que o meu cérebro funciona. As vítimas de AVC vivem o desamparo, a dor, a resistência numa luta inglória, mas sempre movidas pelo amor e responsabilidade dos seus cuidadores. Cada caso é um caso, mas há que desenredar a complexidade da experiência humana que envolve o AVC. «Só 30% dos sobreviventes de AVC têm o tratamento recomendado», assim foi dito por uma jornalista no Jornal Expresso. https://expresso.pt/sociedade/saude/2024-04-04-So-30-dos-sobreviventes-de-AVC-tem-o-tratamento-...
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  Um Comboio chamada Esperança A família é o nosso porto seguro. Pelo menos, deveria ser. O lugar de amor incondicional e aceitação com todos os defeitos e virtudes. Contudo, a realidade está muito longe das aparências. Para alguns, a família não é refúgio, mas fonte de rejeição e de dor. Para outros, o desejo é afastar-se dos parentes, sonhando com a independência. Um sentimento sufocante que conduz, na maioria das vezes, a comportamentos precipitados. "Vieram um dia num comboio chamado esperança. Alguns. Outros saíram de casa, porque os pais não os compreendiam […]. Mas todos eles sonhavam com uma coisa chamada independência", assim foi dito por Maria Judite de Carvalho em "Aldeias de Gente Só", nas suas Obras Completas V (2019). A temática da independência e da rejeição familiar chegou num «comboio chamado esperança», onde a autora referencia os que procuram algo melhor, um novo futuro. A metáfora representa o meio de transporte para uma nova vida, movido p...
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  Os sonhos de Carlota   Na floresta encantada Vive a princesa Carlota. Tão adorada! Com o seu pónei branco, Numa tarde molhada Encanta-se com a trovoada Que tendo evoluído, A deixa assustada, tal é o ruído.   À noite no quarto Aconchego encontra, Com o seu pónei ao lado A trovoada não importa. Carlota, a dorminhoca, sonha e voa Enquanto o mundo lá fora Assusta e atordoa.   Ao amanhecer, sente aroma a bolo no ar, E Carlota desperta pronta para o saborear, Com o seu fiel amigo Que por ela espera lá fora Para poderem viver e sonhar.