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A mostrar mensagens de novembro, 2023
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  Solidão na multidão Os dias em que a tranquilidade da solidão vence a agitação da multidão Sim, é verdade. Existem dias assim. A solidão surge como um refúgio pacífico. A mente encontra serenidade no silêncio e na ausência de afetos. Em momentos de quietude e de introspeção interior. Perde-se nos pensamentos. Mas, lá fora, a agitação, envolvente e vertiginosa, pulsa com intensidade. A esmagadora agitação da multidão é uma sinfonia dissonante de vozes sobrepostas. Uma miríade de cores, onde os passos são apressados. Ecoam-se risos estridentes e movimentos desenfreados. Um turbilhão de sensações, onde as emoções se entrelaçam e se perdem. A atmosfera vibrante, carregada de energia, inunda os sentidos. Por entre conversas animadas e risos contagiantes, cada olhar, cada expressão são pinceladas vivas num quadro em constante transformação. Apesar da companhia e do entusiasmo coletivo, paradoxalmente, a sensação é solitária. Procura-se introspeção na solidão, o encontro consigo mesmo, ...
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  Ponto de luz   Os sentimentos surgem desordenados como uma sinfonia desafinada. Emergem do vazio, ansiando pelo inatingível. Sonhos abundantes, realizações escassas. Batalhas incessantes. A vida segue, com ou sem desgraças.   Sem solução à vista, os braços não se cruzam. Os olhos embargados não brotam uma lágrima. Sem vontade de viver, por eles avança, anónima. É imensurável o seu pesar. O caminho, pérvio, tumultuoso. Resta a frágil esperança. Persiste. Ensejos de luz não se dissipam. Renovam a fé. Carregam consigo um significado imediato, uma urgência sem espaço para a indiferença. Continua a grassar, a miséria. Avança, lenta e inexorável. Sem tempo para chorar, abraça-se o sofrimento silencioso, vivendo cada momento.   Elizabete (21 Novembro 2023)
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  Reflexão sobre a nossa língua A nossa língua. O nosso idioma. Tão exuberante na sua diversidade e riqueza e que transcende em magnificência. Por que é que devemos enaltecer a Língua Portuguesa? Refletir sobre a sua importância é mergulhar num oceano de significados e ligações culturais.  É consensual reconhecer a importância da língua portuguesa, equiparando-a à vitalidade de um elo que nos une de forma inestimável.   Reconhecer a sua magnitude, considerando-a como um laço que transcende fronteiras geográficas e temporais é valorizá-la como um pilar fundamental de união entre os povos. Une as pessoas em todo o mundo; Enriquece as nossas vidas; Abre portas para o entendimento e convivência harmoniosa. A língua portuguesa figura entre as mais belas e ricas do mundo, carregando consigo uma história fascinante que se espalha por distintas regiões do globo. Sendo um sistema vivo e em perene evolução, é um espelho fiel, que reflete, não somente a cultura, ma...
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  O poder dos sorrisos e das palavras   Os risos e as gargalhadas tecem a alegria que a minha alma abraça, Renova-se o meu espírito com atitudes empenhadas, numa dança. Sou pelo sorriso E pelo poder das palavras. São difíceis de esconder Os sentimentos que tentam embornecer. Mas, soltam-se Num gesto de gratidão, Amigas do carinho e da compaixão. Entre risos e abraços, a amizade floresce, Laços que o tempo não desvanece. O sorriso pode tudo A sua força, tudo consegue De energia encantadora Conquista a aurora E a vida prossegue.   Elizabete (12 Novembro 2023)
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  Vozes inseguras nos palcos das redes sociais Nas profundezas das plataformas digitais, ecoam vozes inseguras, prontas para partilhar com o mundo, os seus pensamentos e emoções. Não se trata de protagonismo, mas sim uma forma de passar aos outros o que teima em se esconder, pelo que ao arrumar-se pensamentos, arrumam-se emoções. O mundo virtual, palco onde as vozes mais tímidas encontram coragem para se expressarem, é o veículo mais ousado. Aqueles que escondem as suas almas nos cantos escuros procuram por luz. Uma luz fascinante que os incentive e oriente, revelando ao mundo uma pessoa completa, com as suas alegrias, medos e inseguranças. É, de facto, uma dança delicada, um equilíbrio frágil entre o desejo de se abrir e o receio do julgamento alheio. Partilhar pensamentos íntimos e emoções genuínas é um ato de vulnerabilidade. Aqueles que rotulam essa expressão de egocentrismo ou vaidade, não compreendem a sua verdadeira essência. De forma saudável, estabelece-se ligação com os o...
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  O Pai Ulisses Há muito tempo, numa pacata cidade à beira-mar, vivia um homem chamado Ulisses. Muito se fala de Ulisses e de suas façanhas. Era um pai amoroso e um marinheiro muito habilidoso. Navegou por mares perigosos e enfrentou monstros terríveis. Mas, a dada altura, transformou-se e trocou as suas aventuras por uma vida mais tranquila na pacatez de sua casa, dedicando-se à educação do seu filho Teo. Teo era curioso e ansioso e adorava ouvir as histórias de seu pai. A cada noite, Ulisses sentava-se ao lado da lareira e começava a contar as suas aventuras emocionantes. O seu filho encantava-se com os relatos das sereias sedutoras, do Ciclope feroz e das tempestades aterrorizantes. Mas, o que mais admirava no seu pai, não eram as façanhas heroicas, mas sim, a sua coragem e sabedoria. O pai deu-lhe a conhecer os mistérios da vida e como poderia ser desafiante. Juntos, enfrentaram tempestades emocionais, desvendaram enigmas familiares e navegaram por mares de responsabili...
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  Dona Velhice "A tristeza é um ser concreto, mas a alegria também. Porém, mais concreta do que a alegria e a tristeza, é a dor. De concreta que é, não se pode descrever." (Jorge, 2022: 90). Num mundo que celebra, muito mais vezes, a juventude e a vitalidade, a Dona Velhice é relegada para segundo plano, como se fosse um assunto incómodo ou negligenciável. No entanto, as reflexões recentes sobre os nossos idosos e as suas mágoas revelam necessidade de dar voz a esta fase da vida. Na tristeza, na alegria e na dor, profunda e inexprimível, é crucial abordar a Dona Velhice com a seriedade e a compreensão que ela merece. A propósito de leituras recentes sobre os nossos idosos e as suas mágoas, espoletaram em mim, pensamentos que há muito me acompanham. Pareceu-me urgente falar deste assunto que muitos ignoram por acharem que os nossos queridos velhos, não merecem ser falados. A Dona Velhice precisa de um lugar de destaque, até porque ela nos acompanha desde o nosso nascimento. Si...
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  Sem saída As mãos tremiam. Nunca tinha passado por tal tormento. Parecia ter sido atropelada por um camião. Depois do que vira, já não seria a mesma. O que iria fazer agora? Pensamentos surgiam e à medida que acumulavam sentia a rigidez do corpo, gelado e sem reação. Procurou o escuro do quarto. O segredo ficava guardado em si. Era melhor não saberem. O nó na garganta apertava, queria chorar e não conseguia. Queria gritar e algo a impedia. Dirigiu um olhar lânguido para a foto que se revelava na penumbra e as lágrimas brotavam como setas. Era impossível não ficar indiferente. A sua situação era premente. Não sabia o que fazer nem como agir. Resquícios da conversa do dia anterior davam voltas e voltas na sua cabeça. Os pensamentos fervilhavam. Sentia-se agoniada e sem forças. De mãos atadas, decidira que precisava descansar. Amanhã seria outro dia. Já no quarto, tentou encontrar conforto nas lembranças da foto amarelecida pelo tempo. A imagem refletia um temp...
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  Solidão na escrita É, por inúmeras vezes, um ato solitário, a escrita. Ou se conhece o caminho do escritor e os seus intentos ou o mesmo pode estar a escrever para as paredes. Em tom de desabafo ou não, procura-se chegar aos outros, primando pela originalidade, lutando contra a indiferença e preterindo a vulgaridade. E continuam a escrever para aqueles que os consideram lunáticos, desequilibrados, emocionalmente instáveis. Mas como não compreender almas tão inspiradoras, mentes que espoletam o nosso sentido mais escondido, o sentimento mais envergonhado? Como não amar a ambiguidade de sentimentos que parecem teimar em aparecer? Escrever será um vazar da alma, um fingir que está contente, um ludibriar o que deveras sente? Mormente, encontra-se beleza na escrita! Exacerbada ou não, Mais ou menos compreendida, Precisa de ser lida e sentida Com o coração.   (1 Julho 2023)
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 "Perdi muito tempo até aprender que não se guarda palavras. Ou você as fala, as escreve, ou elas te sufocam" Clarice Lispector