Sem saída

As mãos tremiam.

Nunca tinha passado por tal tormento. Parecia ter sido atropelada por um camião.

Depois do que vira, já não seria a mesma.

O que iria fazer agora?

Pensamentos surgiam e à medida que acumulavam sentia a rigidez do corpo, gelado e sem reação. Procurou o escuro do quarto.

O segredo ficava guardado em si. Era melhor não saberem.

O nó na garganta apertava, queria chorar e não conseguia. Queria gritar e algo a impedia.

Dirigiu um olhar lânguido para a foto que se revelava na penumbra e as lágrimas brotavam como setas.

Era impossível não ficar indiferente. A sua situação era premente. Não sabia o que fazer nem como agir.

Resquícios da conversa do dia anterior davam voltas e voltas na sua cabeça. Os pensamentos fervilhavam. Sentia-se agoniada e sem forças. De mãos atadas, decidira que precisava descansar. Amanhã seria outro dia.

Já no quarto, tentou encontrar conforto nas lembranças da foto amarelecida pelo tempo. A imagem refletia um tempo distante, mas muito feliz. O segredo que carregava era insuportável, uma sensação de impotência a atormentava.

Naquele momento, nada poderia resolver, fechou os olhos e tentou acalmar-se. O nó na garganta que antes persistia começou a diminuir. Sabia o que lhe esperava, mas precisaria de pensar com clareza, a sua mente era uma verdadeira entropia.

Na manhã seguinte, depois de uma noite agitada, acordou decidida. Levantou-se num ímpeto, olhou-se ao espelho, determinada a encontrar forças dentro de si.

As horas passavam e ela tentava traçar um plano. Perante o que tinha visto, de coração empedernido, teria de tomar medidas. Não ia ser fácil, mas não seria refém do seu segredo.

Corajosa e determinada, abriu a porta do seu quarto, pronta para enfrentar a verdade, dolorosa, mas necessária.

Elizabete 7 Novembro 2023

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