Marquesa de Alorna: A
Luz na Escuridão - Uma História de Coragem, Poesia e Transformação
D.
Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, condessa de Oeynhausen, a
conhecida Marquesa de Alorna, título herdado do seu irmão após a sua morte
quando combatia ao lado de Napoleão, foi a principal mediadora cultural nos
salões de cultura.
Nascida a meio do século XVIII, mais
precisamente a 31 de outubro de 1750, mesmo enclausurada num convento,
aperfeiçoou a sua escrita quando escrevia cartas ao seu pai.
As missivas eram uma forma
de suavizar o seu desânimo perante as adversidades que defrontava. Sabia, no
entanto, usufruir da sua clausura, apesar dos rituais de silêncio e oração, alternados
com trabalho e penitência. No fundo, o seu objetivo era escrever para distrair
a mãe e consolar o pai durante os dezoito anos de separação.
Escrevia para se evadir. As cartas libertavam-na
da mediocridade, do espaço sombrio e fechado onde se encontrava.
Filha do 2.º marquês de Alorna, D. João
de Almeida Portugal e de D. Leonor de Lorena e Távora, viu a sua família ser
separada por dezoito anos. Mãe e filhas foram para o convento de Chelas e o pai
foi preso no forte da Junqueira.
Depois de os pais terem sido implicados
no caso dos Távora, foi perseguida pelo Marquês de Pombal que considerou que a
família tinha conspirado num atentado para matar o rei D. José I. Percebeu,
mais tarde, que a sua clausura era uma questão política, mas nunca perdeu a
esperança de conseguir a sua liberdade e de assistir a tempos diferentes.
“Todo o mundo é feito de mudança”
escreveu um dia Luís Vaz de Camões que tanto admirava.
Enclausurada, defendia ideias que
escandalizavam as freiras e adorava recitar poemas para provocar os que com ela
queriam cortejar. Estudava através dos livros apreendidos que escondia e que
chegavam até ela de várias formas.
Contudo, os últimos anos de clausura no
convento de Chelas foram os mais difíceis, porque, à medida que o tempo
passava, tomava consciência da injustiça cometida.
Marquesa de Alorna é uma das mulheres
mais conhecidas da história. Escreveu e publicou obras líricas numa época em
que lhes era vedado esse direito, impulsionada por tempos de mudança, afirmando-se
na cultura.
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